Durante décadas, quem comprava de outra empresa aceitava a ideia de que as interfaces B2B eram, por natureza, cinzentas, confusas e lentas.  

“É assim mesmo, estamos plugados no ERP”, dizia-se.  

Só que o jogo virou: a explosão de marketplaces, o home office e a pressão por eficiência provaram que o executivo corporativo também exige experiências fluídas, mobile-first e em tempo real. O desafio? Essas jornadas modernas precisam conversar com um backoffice que foi erguido num mundo pré-cloud, repleto de customizações e dados espalhados.  

Nesse post, você vai ver por que integrar o legado não é um freio para a inovação, mas a virada que pode transformar portais e apps em máquinas de receita, fidelização e dados valiosos para o negócio. 

Quer saber mais? Continue com a gente! 

Legado: fardo ou trampolim? 

Antes de qualquer linha de código, é crucial abandonar a crença de que “sistema antigo” equivale a “tecnologia ruim”. Na prática, esse núcleo mantém processos fiscais, contratos de décadas e integrações que funcionam 24/7; jogá-lo fora seria financeiramente inviável e operacionalmente arriscado. A saída é enxergá-lo como um repositório de capacidades: cálculo de impostos, políticas de crédito, regras de preço. Se você expõe essas capacidades por APIs ou eventos, o portal consome inteligência pronta, sem reinvenção de roda. 

Esse reframe começa com um blueprint de jornada: mapeie cada passo do comprador, identifique gargalos (espera de cotação, ping-pong de e-mails, falta de rastreio) e traduza dores em métricas: SLA de aprovação, NPS por etapa, ciclo de faturamento. Dessa forma, o legado se torna checklist de requisitos, não obstáculo. 

A arquitetura Strangler Fig em ação 

Inspirado na árvore que cresce ao redor do tronco original até substituí-lo, o padrão Strangler Fig encapsula o módulo antigo gradualmente. Você cria um microsserviço que resolve um pedaço — emissão de nota, cálculo de frete, simulação de estoque — publica como API REST/GraphQL ou evento Kafka, e redireciona aquela função no front-end. A cada sprint o “monolito” perde um ramo, enquanto o canal digital ganha velocidade, testes unitários e deploy independente. 

O segredo é governança de versionamento: toda nova API nasce como v1 já com contrato OpenAPI, testes de carga e observabilidade (logs, métricas, tracing). Quando surgirem mudanças, publique v2, avise integradores, mantenha v1 viva até 80% de adoção migrar. Nada de corte brusco. 

UX B2B: autoatendimento com toque consultivo 

Usuários corporativos não são “pessoas jurídicas sem emoção”. Eles também se frustram com páginas que quebram no celular ou com formulários infinitos. Ao mesmo tempo, processos de compra envolvem cotar grandes valores, anexar documentos, aprovar internamente. O equilíbrio nasce de políticas dinâmicas de permissão: o assistente de compras vê catálogo, o gerente aprova, o financeiro agenda pagamento — tudo na mesma tela, mas com componentes contextuais. 

Micro-interações importam mais que banners chamativos: pré-preenchimento de campos pelo CNPJ, salvamento automático de rascunhos, alerta em tempo real de mudança de status. Cada detalhe reduz atrito e aumenta o “efeito confiança”. Lembre-se: em B2B, a empresa é o cliente, mas o sucesso depende da felicidade de cada pessoa dentro dela. 

Micro-frontends e design system unificados 

Portais corporativos raramente são produto de um único squad. Surgem times dedicados a catálogo, pagamentos, pós-venda, analytics. Se todos mexem no mesmo repositório front-end, o acoplamento vira gargalo; se cada um cria seu projeto, o usuário sente a bagunça de estilos. Micro-frontends resolvem o primeiro problema — cada equipe entrega um bundle isolado, deployado por CDN e carregado “on demand”. Design system resolve o segundo — tokens de cor, tipografia, espaçamento e componentes reutilizáveis garantem consistência. 

Quando bem orquestrados, micro-frontends carregam só o necessário, permitindo que uma pessoa aprove orçamentos no celular em segundos, enquanto o supervisor acessa relatórios pesados no desktop sem compartilhar dependências. 

Camada de serviço: gateway, mensageria e persistência poliglota 

Por trás do charme da interface há uma engrenagem robusta. Um API Gateway centraliza autenticação (SAML, OAuth2, OpenID Connect), roteamento e throttling por conta-cliente. Assim, contratos B2B com SLA de 99,9% saem do papel, e abusos de integrações terceiras não derrubam todo o ecossistema. 

Para quem ainda roda lotes noturnos em mainframes, mensageria assíncrona (Kafka, Pulsar, EventBridge) cria o “modo streaming” das informações: cada troca de status de pedido vira evento em tempo real, liberando notificações push e dashboards sempre atualizados. Já na persistência, poliglota é a palavra-chave: relacional para consistência transacional, NoSQL para catálogos com milhões de SKUs, cache em memória para disponibilidade de preço e estoque. O resultado: latência baixa onde importa e certeza de integridade quando o auditor bater à porta. 

Observabilidade e SRE voltados ao negócio 

Ter logs não basta. Precisa de telemetria que correlacione performance técnica a resultado financeiro. Exemplo: “um pico no p95 de checkout” se traduz em queda de pedidos recuperados; “um aumento de erro 422” sinaliza conflito de políticas de crédito. Métricas desse tipo alimentam OKRs de produto que convivem com SLOs de plataforma, aproximando TI do board — não é à toa que portais B2B bem-sucedidos mantêm wash-up semanais onde DevOps, UX e vendas olham o mesmo dashboard. 

Dados e IA: da recomendação à precificação dinâmica 

Uma vez livres em APIs, os dados de compra alimentam camadas de analytics que vão além dos relatórios “despachados” do ERP. É possível detectar tendências de commodity, sugerir produtos complementares ao carrinho e até rodar motores de precificação dinâmica que levam em conta volume, histórico de margem e cotação do dólar. Em cenários maduros, modelos generativos resumem contratos, sugerem contra-propostas e criam FAQs personalizadas, diminuindo a dependência de call centers humanos. 

Importante: nenhum algoritmo brilha sem qualidade de dados. Por isso, pipelines ETL/ELT devem registrar data lineage e aplicar regras de conformidade LGPD desde o raw até os data marts, garantindo que sugestão de compra não viole privacidade nem exiba desconto errado. 

Roadmap: MVP, cliente âncora e expansão gradual 

Transformar teoria em portal vivo requer pragmatismo. Primeira entrega? Resolver o maior atrito — normalmente, rastreio de pedido ou cotação de preço complexo. Escolha um cliente âncora disposto a co-desenvolver; pilote o microsserviço, solte em produção com feature flag e meça adoção. Se a métrica de sucesso subir (tempo para cotar caiu 40%), avance para catálogos em tempo real; depois, integra logística, IA de recomendação e, por fim, monetiza APIs para parceiros. 

Para que você possa se aprofundar ainda mais, recomendamos também a leitura dos artigos abaixo: 

Conclusão 

Portais e Apps B2B não precisam escolher entre “ligado ao legado” ou “experiência de ponta”. O caminho é evolutivo, guiado por métricas de valor, arquiteturas de encapsulamento e um design que respeita quem usa o sistema para trabalhar — e não para se divertir. Ao expor capacidades antigas via APIs modernas, você transforma o passado em fundação para serviços rápidos, personalizados e escaláveis. O comprador corporativo sente essa fluidez, volta a comprar — e, muitas vezes, paga até mais por ela. A TI, por sua vez, abandona o papel de bombeiro e assume o posto de geradora de receita. No final das contas, integrar o legado é o movimento estratégico que separa empresas que ficarão estacionadas daquelas que irão liderar no futuro. 

Esperamos que você tenha gostado do conteúdo desse post!  

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